12.04.2006

Chegada ao Bairro...

A semana que antecedeu a mudança para a nova casa foi vivida com muita ansiedade, entusiasmo e algum nervosismo. Muitas coisas para tratar, muita coisa para arrumar e caixas, caixas e mais caixas.

Depois de alguns dias a embalar tudo o que tínhamos, chegou a hora de pisar a casa com que tanto sonhamos. Fomos muito bem recebidos pelos nossos vizinhos do lado, que depois de um pequeno incidente foram muito prestáveis. Estou completamente rendida a vida neste bairro.

As mudanças começaram às 9h30 e terminaram às 15h00, dei comigo a pensar “por onde começo?”… um minuto de pânico que me arrasou, mas de repente eram sete da tarde e a casa estava impecável, ou não fosse eu a Dona Gracinda!

Na sacada da nova moradia apreciava as vizinhas que passeavam pela rua, as lojas e restaurantes quase prontos para começarem mais uma noite de trabalho e a música… uma presença constante na vida deste bairro…e pensei…sabe bem viver aqui.

Resolvi sair para abastecer o frigorífico e desta vez troquei as “caixas” pelos sacos de compras igualmente pesados, fiquei surpreendida quando o rapaz da mercearia amavelmente trouxe as compras até à minha cozinha…isto só mesmo neste bairro!
Ainda só estamos à 1 dia nesta casa e parece que vivemos aqui desde sempre, sabe bem viver aqui!

Escusado será dizer que estava de rastos com tanta arrumação…mas a visita de uma amiga fez-me querer passear e conhecer melhor os sítios que por ali andam. Fomos jantar a um pequeno restaurante pelo qual já tinha passado muitas vezes, mas a pressa de chegar a antiga casa nunca me deixou entrar ali. O Vertigo, tem saladas belíssimas, um ambiente acolhedor e boa música.

Descemos até ao Chiado e paramos para tomar café na famosa Brasileira, um café tão antigo como bonito. Aos 16 anos um cliente frequente desta casa costumava ocupar muitas horas do meu serão, enquanto lia as poesias, as cartas, e o Livro do Desassossego, um grande homem, complexo, mas grande! As lembranças do “liceu” andaram por ali, no tempo em que vivíamos a poesia como uma grande inspiração para nós, tudo era imenso, eterno e possível…uau!!! E não é que é mesmo…viver nesta casa e neste bairro tornou-se muito possível!

Mesmo ali ao lado fomos jantar ao melhor restaurante de comida tradicional portuguesa de Lisboa, ao Papa-Açorda, claro está! O grupo das quartas já estava acomodado e nós arranjamos maneira de destabilizar a mesa, e entre colocar mais dois pratos e talheres, eu já estava a picar da Açorda do meu amigo João e do Arroz de Cabrito, que só de pensar…hum…belíssimo!

Apresentamos o novo palácio aos amigos que, modéstia a parte, está mesmo bonito, e eles simplesmente adoraram! A noite já ia longa para mim, que cada vez mais era sugada pelo cansaço e dor nas costas de tantas caixas e de tanto peso, mas… (e há sempre um mas), não resisti e fui tomar um copo e festejar com os amigos para o Frágil, esse belo bar… uma das relíquias do Bairro Alto.

Ás 4h00 rescindi contrato comigo mesma e fui para casa, subi dois andares de escadas, e enfiei-me na banheira…espuma, velinhas, pouca luz e 10 minutos só para mim, era o que estava a merecer…dali não me lembro de mais nada, a não ser que dormi muito bem a primeira noite na casa nova, sem barulho e muito feliz!

Depois de um sono altamente reparador decidi sair e passear, destino: Chiado.
Como a casa é nova e há muita coisa que ainda não temos fui até à Loja do Gato Preto comprar uns miminhos… a wc ficou com uma cara nova e cheia de energia, não gostasse eu tanto de vermelho – velinhas, tapetes, toalhas, acessórios de banho, etc… deram cor à estrelinha lá de casa.

Passeando e comendo castanhas assadas com um grande ar de satisfação, desci até à Baixa a pensar que a cidade de Lisboa é ideal para passear, já me tinha esquecido de como é bonita!

Estava decidida a prolongar o meu passeio quando começou a chover e tive de regressar cheia de sacos…mais um dia de pesos pesados. Parei na Matilde para comer uma tosta mista, tamanho XXL…nunca vi algo assim. Á boa maneira do bairro ouvi uma resposta curta e grossa “é para comer tudo, que eu não tive a fazer isso para mim”, certíssimo Coronel (pensei). Como não conseguia comer mais, por motivos óbvios, pedi para levar para casa, mesmo assim não lhe agradou muito a ideia. Uma senhora muito imperativa, mas prestável e boa cozinheira, lá voltarei!

Aproveitei para tratar dos afazeres domésticos enquanto chovia torrencialmente em Lisboa e como uma sesta vai sempre bem, foi o que fiz!

Continuei os meus passeios pela zona e visitei a Capela dos Mártires, lindíssima! Numa cidade de “correria e pressa” como é Lisboa, fiquei impressionada com a quantidade de pessoas que ainda param para fazer as suas orações dentro das igrejas e capelas. A Capela dos Mártires é um bom exemplo de devoção.
Já combinei com uma amiga muito especial a visita à Igreja do Sacramento, muito conhecida pela sua arquitectura barroca riquíssima, mas também pelo coro que a preenche, está combinado!

O primeiro fim-de-semana no Bairro acabou por ser muito bom, apesar da minha companhia de sempre estar fora, o que é sempre uma pena. Á noite ainda fui com um amigo tomar café à Maria Caxuxa e mostrar-lhe a mais recente e importante aquisição – Comentário final: LINDA!

Amanhã estou de regresso às responsabilidades de gente grande e vou a pé, pois como se diz na minha terra “é já ali”!!!

Um abraço
A.M.